O deputado estadual José Dias (PSD) afirmou que o presidente da
Câmara dos Deputados e candidato do PSD a governador do Rio Grande do Norte,
deputado federal Henrique Eduardo Alves, é suspeito de ter recebido dinheiro
desviado dos cofres da Petrobras, segundo a deleção do ex-diretor de
Abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa, conforme investigações da
Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Segundo o pessedista, a hegemonia de apoios conquistada pelo
peemedebista no primeiro turno talvez seja explicada pelo escândalo da
Petrobras. “Henrique era o Deus do Olimpo, e nós éramos todos aqueles que
queriam, pelo menos, olhar para o Olimpo. Se ele não ganhou no primeiro turno,
ele, na realidade, perdeu. Porque apostava na vitória no primeiro turno. Porque
fez promessas mirabolantes. Promessas que um dia alguém vai escrever no
folclore político. Porque são promessas que o próprio ministro Garibaldi Filho
na minha cidade Umarizal disse que eram irrealizáveis. Só que há um movimento
político que é contra essa hegemonia. Hegemonia construída, só Deus sabe como… Talvez
o escândalo da Petrobras explique”, disse Dias, durante entrevista ao Jornal da
Cidade, da FM 94.
“Claro, (Henrique é suspeito) de ter recebido dinheiro da Petrobras”,
completou José Dias. “Olha eu não digo a você que ele é chefão de nada. Ele é
quem diz que é chefão. Você já viu Henrique dizer que é igual à gente? Você ver
dizer que ele tem poder. Quem tem o poder que ele tem para abrir todas as
portas, que tem o poder para fazer tudo, ele não é chefão? Chefão não somos
nós, que somos pessoas humildes, exercemos as nossas profissões tentando ser
dignos delas. Nós não somos chefões. Henrique é quem diz que tem poder. Você
acha que alguém deste esquema é mais poderoso que ele? Só Michel Temer”,
afirmou Dias, se referindo, ainda, ao vice-presidente da República, Michel
Temer, do PMDB.
Henrique foi citado pela revista Veja como um dos beneficiários do
esquema de desvio de recursos da Petrobras através de empresas construtoras de
obras públicas que abastecem campanhas eleitorais. Apenas de duas dessas empresas
Henrique recebeu oficialmente cerca de R$ 6,5 milhões para sua campanha ao
governo do Estado. Segundo José Dias, o fato de ser suspeito de ter recebido
recursos advindos de corrupção seria suficiente para Henrique não ter o voto do
eleitor potiguar.
O parlamentar reeleito acredita, inclusive, que o envolvimento de
Henrique com a Operação Lava Jato foi um dos elementos responsáveis para levar
a eleição para o segundo turno. “Politicamente, no escândalo que é o maior do
mundo, Henrique é citado. Ele, o presidente do Senado. E acho que isso teve
influência, não tenho a menor dúvida”. José Dias acrescenta, ainda sobre o
escândalo da Petrobras, que uma decisão judicial proíbe novas revelações.
“Então só vamos ter conhecimento do escândalo depois”.
José Dias faz a ressalva de que a citação ao nome de Henrique não
significa que ele seja culpado. “Se você ler todas as referências, as notas nos
blogs nacionais, aqui no Rio Grande do Norte tem pouco, mas, nos blogs
nacionais, na IstoÉ, na Veja, no Estado de S. Paulo, no Valor Econômico, enfim,
de vez em quando, você vê uma referência ao nome do homem. Isso significa que
ele é o culpado e vai para a cadeia? Não estou falando isso. Deus me livre de
falar uma coisa dessas. Mas um homem com suspeita, para mim, não merece o meu
voto para governador”.
Para José Dias, embora não provado, vez que todos os fatos não estão
revelados, “mas pelo menos há um pedacinho, um fio do novelo foi puxado”.
Declarou o deputado: “Na hora que o nome dele foi citado, que foi citado
enfaticamente, aí que a gente tem que botar a orelha em pé, porque eu mereço o
favor da presunção de inocência, claro, todo mundo merece. Criminalmente sim,
politicamente, não. Um político é como a mulher de César, ele não pode só ser
honesto, precisa parecer. Por que não citaram Pedro Simon? Por que não citaram
o Jarbas Vasconcelos? por que não citaram o Cristovam Buarque? Por que não
citam essas pessoas? Eu não vou nem dizer porque não cita a gente aqui, por que
aqui não somos nada. Daqui, só é grande Henrique”, disse o deputado.
Enquanto no Direito há o devido processo legal que deve ser respeitado,
com ampla defesa e contraditório, “na Política existe a obrigação de você não
parecer comprometido com coisas que não são corretas”. Além disso, no que toca
a Henrique, Dias afirma que “ele não tem um histórico tão limpo porque foi
super secretário do governo Garibaldi, originando um processo em que foi
condenado por improbidade administrativa”.