Com quase 100 mil
inscritos em seu canal no YouTube, o pastor evangélico goiano Osório
José Lopes Júnior alimenta diariamente suas redes sociais com fotos e
vídeos. Nas gravações, o religioso acalma o coração de milhares de fiéis
que desembolsaram fortunas após serem convencidos a investir em uma
espécie de título apresentado por ele como Letra do Tesouro Mundial. Com
Metrópoles.
Supostamente lastreado em ouro, os papéis teriam
um valor “bilionário”. O pastor dizia que os títulos já contariam com
autorização do governo federal, por meio do ministro da Economia, Paulo
Guedes, para ser pagos. Uma afirmação claramente falsa, uma vez que o
ministro nada tem haver com os golpes aplicados pelo religioso.
Na tentativa de garantir credibilidade, o pastor usa, além no nome dos
ministérios, logomarca de entidades financeiras, como Banco Mundial e o
Banco do Brasil, em uma plataforma de investimento conduzida pelo
grupo.
Há pelo menos nove anos, o pastor viaja país afora e,
com a ajuda de arregimentadores, capta novos investidores interessados
em receber até 100 vezes o valor aportado assim que os títulos estiverem
prontos para ser resgatados. Em sua maioria, os compradores são fiéis
de igrejas evangélicas, além de parentes e amigos próximos ao pastor. Em
apenas um dos grupos criados no Telegram, há cerca de 8 mil “clientes”.
Em outra oportunidade, o pastor Osório foi preso após ser
alvo de uma operação deflagrada pela Polícia Civil goiana, em maio de
2018. Na ocasião, o religioso teve prisão preventiva decretada sob a
acusação de obter R$ 15 milhões aplicando golpes em fiéis de Goianésia,
região central de Goiás. Além de Osório, outro líder religioso e um
seguidor deles foram detidos na mesma ação policial.
Segundo a
Polícia Civil, a dupla de pastores alegava que havia ganhado um título
de R$ 1 bilhão, mas precisava reunir fundos para conseguir recebê-lo. De
acordo com as investigações, para tirar o dinheiro das vítimas, os dois
prometiam a quem colaborasse lucros de até 10 vezes do valor aplicado.
Vítimas chegaram a vender a própria casa para ajudar os líderes
religiosos e fazer o investimento.
A investigação apontou que
os dois pastores ostentavam dinheiro e poder em Goianésia. Osório
morava em uma casa de luxo e chegava a alugar helicóptero para viajar da
cidade para outras regiões. A PCGO identificou, por meio da quebra de
sigilo bancário, que os religiosos movimentaram R$ 20 milhões no banco.