A repressão às mulheres pelo Irã, com silenciamento violento
das manifestantes e uma onda de penas de morte aplicadas pelas autoridades de
Teerã não parece ser um problema humanitário aos olhos do governo de Lula (PT).
É o que sinalizou a decisão do Brasil, tomada ontem (20), de se abster e não
votar favorável à proposta dos Estados Unidos e da União Europeia para a
Organização das Nações Unidas (ONU) condenar o Irã pela violência imposta a
mulheres.
A omissão do Brasil foi repetida na ONU pelos demais países
do Brics, que não votaram por condenar o Irã, seu novo sócio no bloco, pelas
atrocidades que mantém o tratamento desumano às iranianas. Mas o texto foi
aprovado, obtendo o apoio de 77 países, entre eles outros governos
progressistas como Chile, México, Espanha e Colômbia.
Depois de relativizar a democracia ao tratar da ditadura de
Nicolás Maduro na Venezuela, o Brasil envergonha maioria dos brasileiros de
diversas ideologias que rejeitam o desrespeito aos Direitos Humanos, tanto da
faminta população venezuelanas como das mulheres iranianas.
Além disso, a abstenção do Brasil na ONU contraria o
discurso da esquerda e do próprio Lula que tenta passar imagem de combatividade
a atos de violência e repressão de direitos das mulheres no país um uma das
legislações que mais evoluem para proteger a vida das brasileiras.
Em março deste ano, a ONU já havia apontado que o Irã cometeu crimes
contra a humanidade, na violenta repressão aos protestos
majoritariamente pacíficos de 2022, após a jovem curda Mahsa Amini
morreu aos 22 anos, em setembro daquele ano, sob custódia, três dias
após ser presa por usar o véu de maneira que o Irã julgou ser
“inapropriada”.
Por causa destas manifestações por Direitos Humanos, o Irã
prendeu 60 mil pessoas, entre mulheres, homens, meninos e meninas que
cobravam justiça pela morte de Mahsa.