Evandro Pederssetti, 36 anos, foi criado praticamente junto com Alcir Pederssetti, 42, suspeito de ter matado a própria família a tiros e cometido suicídio na madrugada de quinta-feira (26).
Os dois eram primos e conviveram bastante tempo quando crianças, nas visitas frequentes aos avós. Alcir era introspectivo, de acordo com Evandro. Não era de muita conversa e se caracterizava por ser mais observador.
No entanto, apesar do jeito “calado”, o primo mais novo garante que o caráter do suspeito era de alguém que jamais mataria cinco pessoas.
O funcionário público Alcir Pederssetti, 42 anos, é suspeito de ter assassinado a tiros a esposa Monica Pederssetti, de 33 anos, a filha do casal, Lana Pederssetti, de 16, os pais de Monica, Antonio Moresco e Luiza Moresco, de 68 e 65 anos, respectivamente, e a irmã dela, Lucimar Moresco, de 36. Depois, teria cometido suicídio.
“A personalidade dele não inspirava isso, de fazer uma barbaridade dessas. Ele era muito tranquilo, quietão, bem na dele. Para tirar uma palavra dele, tinha que puxar conversa”, recorda Evandro.
O principal passatempo de Alcir era o futebol e as reuniões com os amigos. “Ele se divertia muito com os amigos. E o futebol era sagrado”, conta Evandro.
Na noite anterior ao caso, conforme o vizinho Cláudio Dalaiba, 46, o chefe da família Pederssetti havia combinado de assistir ao jogo do Internacional contra Universidad de Chile pela Copa Libertadores, na quinta. “A gente estava vendo para assistir ao jogo do Inter juntos”, diz Dalaiba.
As famílias Moresco e Pederssetti são tradicionais em Cordilheira Alta. Outros casais na região foram formados a partir dos dois sobrenomes.
Tanto que, conforme o vizinho Dalaiba, Moresco e Pederssetti são como “uma só família” na localidade. “Tomara que não haja desentendimento depois do que ocorreu. Que sigam se dando bem”, comenta o vizinho de Alcir.
Apesar de 16 anos, o casamento de Alcir e Monica Moresco Pederssetti passava por um momento complicado. Conforme amigos, eles discutiam a possibilidade de separação.
“Eles realmente estavam passando por uma crise no relacionamento. Estava de certa forma no fim”, acrescenta Evandro.
Para os familiares, ainda é difícil entender o que aconteceu na madrugada de quinta, quando vizinhos ouviram tiros por volta das 4h30. O primo Evandro afirma que a porta da casa estava destrancada e tenta acreditar que há algo a ser desvendado na história.
“Segundo o médico legista, a porta da casa estava aberta. Quer dizer, não estava trancada. Se ele quisesse matar a família, teria chaveado a porta antes e ter ficado com a chave. E é estranho ninguém ter tentado fugir ou correr”, questiona Evandro.
O jeito calmo de Alcir também foi destacado pelo prefeito de Cordilheira Alta, Alceu Mazzioni. O suspeito era funcionário público e trabalhava havia 12 anos na Secretaria de Agricultura do município.
"Sempre tranquilo, sempre desempenhava suas funções. Inclusive [quarta-feira] ele ficou a tarde toda lá na prefeitura e estava de férias", afirma o prefeito Alceu Mazzioni.
O clima é de comoção na comunidade, a maior parte de agricultores. Poucas pessoas aceitam comentar o episódio.
Mais de 1 mil pessoas acompanharam o velório da família. O público lotou o ginásio de esportes do Distrito de Fernando Machado. Em uma espécie de procissão, amigos, conhecidos e familiares acompanharam os carros das funerárias até o cemitério local.
Os mais próximos das vítimas permaneceram o tempo todo perto dos caixões durante a cerimônia de enterro, por volta das 11h desta sexta.
Segundo o delegado Danilo da Silva Fernandes, responsável pelo caso, a suspeita é preliminar. "Os primeiros apontamentos, analisando o local, é de que ele [Alcir] tenha matado. A posição da arma, dos projéteis [indicam isso]", afirma o delegado. Segundo ele, não há indícios de que a casa tenha sido arrombada.