A identificação de gastos acima da média em casas noturnas ajudaram a investigação policial responsável por desarticular uma quadrilha que ostentava dinheiro na internet e desafiava a polícia no Rio Grande do Sul. Segundo o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), em apenas uma "balada", o grupo costumava gastar cerca de R$ 20 mil.
Nesta segunda-feira (4), o suspeito de liderar da quadrilha suspeita de mais de 200 assaltos em Porto Alegre foi preso em um apartamento em Florianópolis (SC). O homem de de 32 anos, era um dos integrantes que mais deixava dinheiro em festas, de acordo com o Deic.
"Ele costumava gastar de R$ 5 mil a R$ 10 mil. Mas eram R$ 20 mil por festa para o grupo todo. Por mês, dava mais de R$ 100 mil na noite, tranquilamente", detalhou o comissário Gilmar Fontoura, que participou diretamente das investigações.
Conforme o policial, o homem aproveitava a renda obtida nos mais de 300 assaltos dos quais ele é suspeito ao lado da namorada, uma policial militar, que está presa em um quartel da Brigada Militar. Com pelo menos cinco meses de relacionamento junto ao suspeito e mais de cinco anos na corporação, era ela quem dava informações privilegiadas ao grupo para que os crimes fossem consumados e carros roubados fossem vendidos no mercado negro.
"Ele já esteve preso e algumas coisas ele aprendeu no sistema prisional. Mas ao namorar com a PM aquiriu ainda mais técnica para entender a logística dos crimes. Ela já estava na Brigada Militar quando conheceu ele através de uma amiga, que já foi presa", explicou o comissário.
Na noite desta segunda, policiais gaúchos foram até a capital catarinense para realizar a escolta do líder da quadrilha até Porto Alegre. Conforme o Deic, ele deverá ficar recolhido no Presídio Central. Fontoura afirmou que ele já teve passagem pela mesma casa prisional. "E lá também ganhou experiência para crescer no mundo do crime", disse o policial.
A Polícia Civil de Santa Catarina informou que chegou ao jovem por meio de uma denúncia anônima após a reportagem veiculada no programa Fantástico, da Rede Globo, na noite de domingo (3).
Além de carros, os bandidos também assaltavam casas, lojas e até um banco, de onde foram levados cerca de R$ 280 mil. Tudo que conseguiam levar ia parar nas redes sociais. Os criminosos faziam questão de postar fotos mostrando o fruto dos roubos: joias, armas, relógios de ouro e muito dinheiro.
Um deles aparece até botando fogo em várias notas de R$ 100. Nem o gato de um dos bandidos escapou, com um cordão de ouro e deitado numa cama de notas de dólares. A ousadia era tanta que um deles aparece vestindo uma camisa da polícia com o comentário: “Eu sou a lei”.
Com a prisão do líder da quadrilha, outros sete suspeitos que aparecem nas fotos continuam soltos ou foragidos. Um deles, de 17 anos, teve o pedido de apreensão negado pelo Juizado da Infância e é considerado o mais violento do grupo. Na manhã em que seus comparsas iam presos, ele debochou nas redes sociais, rindo.
Fotos: Reprodução/Polícia Civil.