Apesar de ter ganhado notoriedade por causa do discurso de combate à
corrupção e de intolerância com a má gestão dos recursos públicos, a
deputada federal Zenaide Maia, candidata ao Senado pelo PHS, tem pelo
menos três parentes envolvidos em escândalos de desvios de verba no Rio
Grande do Norte.
Dois deles, o irmão João Maia e o sobrinho
Gledson Maia estão implicados na operação Via Ápia. Deflagrada em 2010, a
ação investiga desvio de recursos de obras federais executadas pelo
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no RN.
Segundo
o Ministério Público Federal (MPF), as irregularidades envolveram a
duplicação do Lote 2 da BR-101, um trecho de 35 quilômetros entre o
município de Arez e a divisa do Rio Grande do Norte com a Paraíba. Foram
identificados má execução dos serviços, omissão na fiscalização,
prorrogação indevida de prazos e transferência irregular de recursos,
sem contar a liberação de trechos sem licença de operação.
O MPF
estima um desvio de R$ 13,9 milhões, subtraídos dos cofres públicos por
meio de pagamentos de propina a funcionários do DNIT em troca do
favorecimento de empreiteiras. Gledson Maia, sobrinho de Zenaide então
chefe de Engenharia do órgão, foi apontado como um dos principais
beneficiários.
Em agosto deste ano, a Justiça Federal condenou
Gledson a 4 anos e 6 meses de reclusão, inicialmente em regime aberto. A
pena dele seria três vezes maior caso ele não tivesse fechado acordo de
colaboração premiada com o MPF.
Na delação, o sobrinho de Zenaide
esclareceu fatos investigados e apontou João Maia (irmão de Zenaide)
como beneficiário de parte das propinas do DNIT. Por causa disso, João
foi denunciado pelos crimes de peculato, corrupção passiva, associação
criminosa, crimes contra licitações e lavagem de dinheiro.
Outro
irmão de Zenaide, Agaciel Maia teve participação no chamado “Escândalo
dos Atos Secretos”, que consistiu na não publicação de uma série de atos
administrativos do Senado Federal, de onde Agaciel era diretor geral.
Ele, que é atualmente deputado distrital no Distrito Federal, foi
condenado por improbidade administrativa.
Conforme a acusação, ao
impedir a publicação dos atos em veículos como o Diário Oficial da
União, o Diário do Senado e o Boletim Administrativo do Pessoal do
Senado, Agaciel e senadores que compunham a Mesa Diretora tentavam
evitar que o público tivesse conhecimento sobre irregularidades como
nomeação de parentes para cargos comissionados, criação ilegal de cargos
e liberação de vantagens indevidas para funcionários.
Atualmente
candidata ao Senado pelo PHS, Zenaide Maia se notabilizou durante o
mandato de deputada federal pelo discurso de combate à corrupção e de
identificação com pautas progressistas. Na propaganda eleitoral
veiculada na TV e no rádio, a deputada registra que votou a favor da
abertura de investigação contra o presidente Michel Temer – que foi
arquivada pela Câmara.
Única deputada federal a votar contra o
impeachment que resultou na cassação da presidente Dilma Rousseff,
Zenaide integra no Rio Grande do Norte o palanque do PT, cujo principal
líder – o ex-presidente Lula – cumpre pena pelos crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro.
Do Blog: Como diz o ditado popular: "O "macaco" senta no rabo, e olha o rabo do outro".