Uma operação deflagrada pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) e pela Receita Federal cumpriu 36 mandados em quatro estados do país, nesta quinta-feira (14), contra a lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas do Primeiro Comando da Capital (PCC). A Justiça determinou o bloqueio de R$ 2,2 bilhões.
Segundo o MPRN, o grupo é suspeito de lavar dinheiro do tráfico com a abertura de empresas de fachada e postos de combustíveis, compra e venda de imóveis de luxo e cavalos de raça.
A operação Argento é desdobramento da operação Plata, realizada em fevereiro de 2023. Na ação desta quinta (14), foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva e outros 29 de busca e apreensão nas cidades de Natal, Caicó, Parnamirim e Nísia Floresta e ainda municípios de outros três Estados: São Paulo e Campinas (SP); Vitória da Conquista e Urandi (BA); e Trairão (PA)
Um homem foragido da operação Plata foi preso nesta quinta, em Caicó. Também foram apreendidos dinheiro, joias, aparelhos de telefonia celular e computadores.
Segundo o que já foi apurado nas investigações, o cabeça do esquema de lavagem de dinheiro é Valdeci Alves dos Santos, que também é conhecido pelos apelidos de Pintado, Vermelho, Prateado, Colorido ou Tio, que é do Rio Grande do Norte.
Valdeci era considerado um dos chefes do PCC nas ruas. Ele está preso no Sistema Penitenciário Federal desde abril de 2022.
Segundo os promotores, mesmo detido, o homem mantinhas seus negócios ilegais, com auxílio de pessoas de confiança, e chegava a mandar mensagens decodificadas por meio de advogados e familiares que os visitavam. Os encontros são gravados.
Esses novos atores – parentes e comparsas de confiança de Valdeci – estariam divididos em grupos, com diferentes responsabilidades na movimentação e ocultação do dinheiro, segundo os investigadores.
Segundo o MP, o dinheiro obtido com o tráfico de entorpecentes entra no sistema financeiro através de “laranjas”, grande parte em depósitos em espécie. A partir de então, ocorre uma intensa movimentação financeira em contas bancárias de pessoas e empresas, segundo os investigadores, para dificultar o rastreio.
“Por fim, os valores chegam ao grupo responsável pela construção, reforma e comercialização de imóveis de luxo, abertura de empresas de fachada, construtoras, imobiliárias, postos de combustíveis, aquisição de cavalos de raça, entre outras atividades, completando assim o ciclo de lavagem de ativos”, informou o MP.
De acordo com o MP, o novo esquema de lavagem de dinheiro desbaratado na operação Argento apresenta funções específicas de seus membros, evidenciando uma organização criminosa estruturada. Diante do que foi apurado, o MPRN já obteve a ordem judicial para o bloqueio de R$ 2,2 bilhões e a indisponibilidade de bens de 101 pessoas.
Ao todo, antes de deflagrar a operação Argento, o MPRN analisou 468 contas bancárias nas quais foram movimentados R$ 1,6 bilhão entre 2014 e 2024.