Futuro ministro da Justiça e da Segurança Pública, o juiz federal Sérgio
Moro afirmou em entrevista exclusiva ao Fantástico neste domingo (11)
que, na avaliação dele, caso algum integrantes do primeiro escalão da
gestão Jair Bolsonaro for acusado de se envolver em caso corrupção, deve
ser afastado "se a denúncia for consistente".
Responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância do Paraná até o
início deste mês, o magistrado defende que, na hipótese de ministro
acusado de corrupção, devem ser analisadas as eventuais provas e feito
um "juízo de consistência" da denúncia.
"Se a denúncia for consistente, sim [o ministro envolvido em alguma
denúncia de corrupção deve ser afastado]. [...] Eu defendo que, em caso
de corrupção, se analise as provas e se faça um juízo de consistência,
porque também existem acusações infundadas, pessoas têm direito de
defesa. Mas é possível analisar desde logo a robustez das provas e
emitir um juízo de valor. Não é preciso esperar as Cortes de justiça
proferirem o julgamento", defendeu o juiz da Lava Jato.
Questionado sobre se ele, como ministro da Justiça, iria analisar e
fazer esse juízo de valor para aconselhar o presidente a demitir o
ministro em questão, ele admitiu que, "provavelmente", se envolveria no
processo.
"Ou algum outro conselheiro. O que me foi assegurado, e é uma condição,
não é bem uma condição, não fui estabelecer condições. Mas eu não
assumiria um papel de ministro da Justiça com risco de comprometer a
minha biografia, o meu histórico", complementou.
De acordo com o futuro ministro, ele discutiu com Bolsonaro e obteve a
garantia do presidente eleito de que "ninguém seria protegido se
surgissem casos de corrupção dentro do governo".