O ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Alexandre de
Moraes determinou nesta segunda-feira (15) que o site "O
Antagonista" e a revista "Crusoé" retirem do ar reportagens e
notas que citam o presidente da Corte, Dias Toffoli.
Moraes estipulou multa
diária de R$ 100 mil e mandou a Polícia Federal ouvir os responsáveis do site e
da revista em até 72 horas.
"Determino que o
site 'O Antagonista' e a revista 'Crusoé' retirem, imediatamente, dos
respectivos ambientes virtuais a matéria intitulada 'O amigo do amigo de meu
pai' e todas as postagens subsequentes que tratem sobre o assunto, sob pena de
multa diária de R$ 100.000,00 (cem mil reais), cujo prazo será contado a partir
da intimação dos responsáveis. A Polícia Federal deverá intimar os responsáveis
pelo site 'O Antagonista' e pela Revista 'Crusoé' para que prestem depoimentos
no prazo de 72 horas", diz a decisão.
Alexandre de Moraes
decidiu sobre a questão porque é relator de um inquérito aberto no mês passado
para apurar notícias fraudulentas que possam ferir a honra dos ministros ou
vazamentos de informações sobre integrantes da Corte.
Segundo reportagem
publicada pela revista na quinta (11), a defesa do empresário Marcelo Odebrecht
juntou em um dos processos contra ele na Justiça Federal em Curitiba um
documento no qual esclareceu que um personagem mencionado em email, o
"amigo do amigo do meu pai", era Dias Toffoli, que, na época, era
advogado-geral da União.
Conforme a reportagem,
no e-mail, Marcelo tratava com o advogado da empresa – Adriano Maia – e com
outro executivo da Odebrecht – Irineu Meireles – sobre se tinham
"fechado" com o "amigo do amigo". Não há menção a dinheiro
ou a pagamentos de nenhuma espécie no e-mail. Ao ser questionado pela
força-tarefa da Lava Jato, o empresário respondeu: "Refere-se a tratativas
que Adriano Maia tinha com a AGU sobre temas envolvendo as hidrelétricas do Rio
Madeira. 'Amigo do amigo de meu pai' se refere a José Antônio Dias
Toffoli". Toffoli era o advogado-geral da União entre 2007 e 2009, no
governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a revista, o
conteúdo foi enviado à Procuradoria Geral da República para que Raquel Dodge
analise se quer ou não investigar o fato.
Em nota oficial
divulgada na sexta, a PGR afirmou que não recebeu nenhum material e não
comentou o conteúdo da reportagem: "Ao contrário do que afirma o site 'O
Antagonista', a Procuradoria-Geral da República (PGR) não recebeu nem da
força-tarefa Lava Jato no Paraná e nem do delegado que preside o inquérito
1365/2015 qualquer informação que teria sido entregue pelo colaborador Marcelo
Odebrecht em que ele afirma que a descrição 'amigo do amigo de meu pai'
refere-se ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli".
Na própria sexta,
segundo a decisão de Alexandre de Moraes, Toffoli mandou mensagem pedindo
apuração, com o seguinte teor:
"Permita-me o uso
desse meio para uma formalização, haja vista estar fora do Brasil. Diante de
mentiras e ataques e da nota ora divulgada pela PGR que encaminho abaixo,
requeiro a V. Exa. Autorizando transformar em termo está mensagem, a devida
apuração das mentiras recém divulgadas por pessoas e sites ignóbeis que querem
atingir as instituições brasileiras", afirmou o presidente do Supremo.
Na decisão, o ministro
Alexandre de Moraes cita que o esclarecimento feito pela PGR "tornam
falsas as afirmações veiculadas na matéria “O amigo do amigo de meu pai”, em
tópico exemplo de fake news – o que exige a intervenção do Poder
Judiciário". "A plena proteção constitucional da exteriorização da
opinião (aspecto positivo) não constitui cláusula de isenção de eventual
responsabilidade por publicações injuriosas e difamatórias, que, contudo,
deverão ser analisadas sempre a posteriori, jamais como restrição prévia e
genérica à liberdade de manifestação", afirmou.
Segundo a assessoria de
imprensa do Supremo Tribunal Federal, não se trata de censura prévia – proibida
pela Constituição – mas sim de responsabilização pela publicação de material
supostamente criminoso e ilegal. Conforme o tribunal, o ministro Alexandre de
Moraes se baseou em nota da Procuradoria Geral da República, que afirmou não
ter recebido qualquer informação do Paraná, ao contrário do que disse a
reportagem.
Fonte: G1.