A CPI da Covid da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte teve sua
 última reunião com oitivas nesta quinta-feira (2). No início da 
reunião, os parlamentares aprovaram requerimento dispensando todas as 
demais testemunhas que poderiam ser convocadas, para que que a CPI possa
 chegar ao final cumprindo o cronograma traçado pelos parlamentares. Os 
últimos depoimentos trataram, principalmente, sobre a compra de 
respiradores pelo Consórcio Nordeste.
Para
 esta quinta-feira, estavam previstos quatro depoimentos. O investigado 
no contrato de compra de respiradores pelo Consórcio Nordeste Fernando 
Galante permaneceu em silêncio e foi dispensado posteriormente. Por 
outro lado, a assessora especial do Governo do Rio Grande do Norte, 
Luciana Daltro de Castro Pádua Bezerra, e o auditor-geral da 
Controladoria Geral do Estado, Carlos José Cerveira de Andrade e Silva, 
depuseram na condição de convidados. Os dois falaram sobre o trâmite dos
 contratos públicos durante a pandemia e reforçaram a lisura nos 
processos. Além deles, um investigado sobre a compra de respiradores 
pelo Consórcio Nordeste prestou longo depoimento.
O
 empresário Cleber Isaac Souza Soares foi ouvido por videoconferência. 
Em longo depoimento, Cleber Isaac informou a relação que teve com as 
empresas Hempcare e Biogeoenergy. Ele disse ter sido contratado pela 
Hempcare para fazer prospecção de novos clientes e negociar produtos que
 seriam adquiridos pela Hempcare. Ele confirmou que atuou junto à 
Biogeoenergy e, pelo serviço junto à Hempacare, recebeu R$ 1,4 milhão. 
Questionado
 sobre a informação de que teria recebido R$ 3 milhões da empresa, 
Cleber Isaac explicou que recebeu, na verdade, R$ 2,5 milhões, mas 
porque os valores foram repassados também por Fernando Galante, que, 
segundo ele, fez o pagamento junto à Hempcare. "Eu tinha negócios com 
Fernando Galante desde 2015 e parte dos valores eram devidos por ele 
referentes a outros negócios", explicou.
Ainda
 no depoimento, o investigado disse que sabia que o contrato entre o 
Consórcio Nordeste e a Hempcare não tinha seguro e, por isso, de acordo 
com ele, sugeriu a criação de uma conta vinculada para a hipótese de 
haver atraso ou impossibilidade de fornecimento dos valores. A sugestão,
 porém, não foi acatada e houve o prejuízo aos entes públicos que 
compõem o Consórcio. Dos R$ 48 milhões pagos, ele informou que a 
Hempcare teria pago antecipadamente R$ 24 milhões à Biogeoenergy, ficado
 com outros R$ 12 milhões e não informou com precisão para onde teria 
ido o restante dos recursos. 
O
 presidente da CPI, deputado Kelps Lima (Solidariedade), questionou por 
que o próprio Cleber Isaac não devolveu o dinheiro ao Consórcio. Segundo
 o depoente, não só ele, como também as empresas envolvidas, 
demonstraram interesse na devolução e que o caso estaria emperrado em 
questões burocráticas, mas que ele estava buscando fazer o acordo para 
devolução. 
Ainda na 
oitiva, o presidente Kelps Lima rebateu dois trechos do depoimento do 
investigado. O parlamentar negou que houvesse contrato de 'join 
venture', que é uma associação comercial, entre Hempcare e Biogeoenergy,
 ao contrário do que havia sido dito pelo depoente. O deputado disse que
 não havia documentos apontando para essa relação, e sim para uma 
relação comercial de compra e venda que teria sido assinado após o 
contrato da Hempcare com o Consórcio Nordeste. O parlamentar ainda 
rebateu que a Hempcare tivesse firmado algum contrato para compra de 
respiradores com a China, o que estaria comprovado por documentos.
Após
 a oitiva da reunião, que foi a 33ª reunião da CPI, o presidente e o 
relator da CPI, deputado Francisco do PT, confirmaram a leitura do 
relatório final para a quinta-feira (9), sem possibilidade de apartes ou
 interrupções por parte dos demais membros da comissão.