Dezesseis presos apontados como suspeitos de comandar a onda de rebeliões que atingiu 14 das 33 unidades prisionais potiguares ao longo de oito dias foram transferidos na manhã deste sábado (21) para o Presídio Federal de Mossoró, na região Oeste do Rio Grande do Norte. Os detentos chegaram à Penitenciária Federal por volta das 14h.

A informação foi confirmada pelo juiz da vara de Execuções Penais, Henrique Baltazar. De acordo com o juiz, os presos estavam em três unidades prisionais localizadas nas cidades de Nísia Floresta, na Grande Natal, e Nova Cruz, na região Agreste.
"Os presos são apontados pelo Ministério Público Estadual como líderes dos motins. A transferência foi necessária para diminuir a interferência deles no sitema penitenciário estadual. Um local em que não tenham acesso celular e com segurança reforçada. É algo que ameniza a situação do sistema prisional, mas não é suficiente", diz o juiz.

O magistrado acrescenta que a permanência dos presos em Mossoró é temporária. "Vão ficar na penitenciária até que sejam definidos os presídios para onde serão levados em outras partes do país", ressalta.
As rebeliões, que ocorreram entre 11 e 18 de março, geraram uma crise que levou à exoneração do secretário estadual de Justiça e Cidadania, Zaidem Heronildes da Silva Filho. No mesmo período, ônibus foram incendiados nas ruas. A suspeita é de que a ordem tenha partido de dentro dos presídios. Aulas foram suspensas e a Força Nacional foi enviada ao estado para apoiar a segurança. O governo decretou situação de calamidade no sistema prisional.

Os presos que foram transferidos neste sábado estavam nas penintenciárias de Alcaçuz e no presídio Rogério Coutinho Madruga, ambos em Nísia Floresta, e também no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Nova Cruz. Eles foram transportados em um ônibus de turismo sob escolta policial.
O ônibus saiu da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, a maior unidade prisional do Rio Grande do Norte, por volta das 10h. A operação recebeu apoio da Força Nacional, Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPChoque), Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Grupo de Operações Especiais do Sistema Penitenciário (GOE).




Para o magistrado, a crise que se instalou nos presídios do estado com rebeliões em série durante oito dias nesta semana não tem a ver com as más condições das unidades prisionais. "Os presos têm muitos motivos para se rebelar. Mas essa onda de motins não foi por nenhum desses motivos. Foi para eles mostrarem quem realmente manda", afirma.