Investigadores brasileiros aprofundarão as apurações nas próximas semanas sobre três depósitos ainda não identificados nas supostas contas do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na Suíça. Esses valores somam pouco mais de US$ 4,5 milhões, o equivalente a R$ 16,92 milhões na cotação da última sexta-feira (9).
Conforme mostrou o Blog, as quatro contas atribuídas a Cunha no país europeu receberam, segundo as investigações, US$ 4.831.711,44 e 1.311.700 francos suíços, o equivalente a R$ 23,2 milhões. Sabe-se, até aqui, que os depósitos nessas contas começaram em 2007 e as movimentações seguiram até 2015. Duas delas foram bloqueadas (com o valor de 2,4 milhões de francos suíços) e duas encerradas em 2014.
Enquanto parte do dinheiro teria sido pago a Cunha como propina por contrato fechado entre a Petrobras e a empresa Companie Beninoise des Hydrocarbures Sarl, em Benin, na Africa, por 50% de um campo de petróleo, outros U$ 4,5 milhões ainda não tem origem definida.
De acordo com as investigações, os US$ 4,5 milhões foram depositados, entre 2007 e 2008, por contas sediadas no banco Merrill Lynch. O dinheiro alimentou duas offshores (Orion SP e Triumph), cujo a titularidade é atribuída ao próprio Cunha.
Apesar de as empresas terem sido encerradas em maio e abril de 2014, investigadores informaram ao Blog que o histórico da Orion e da Triumph SP foi enviado para o Brasil pelo Ministério Público da Suíça.
Uma das contas do Merrill Lynch depositou US$ 3,1 milhões em maio de 2007. No mesmo mês, um conta no mesmo banco fez aporte de US$ 207 mil, valor ainda não analisado. Os dois depósitos foram realizados na Triumph. Já a Orion recebeu US$ 1,8 milhão, em agosto de 2008, 15 dias após ser aberta, de uma provável outra conta no Merrill Lynch.
Os dois maiores depósitos da Merrill Lynch, de US$ 3,1 milhões e de US$ 1,8 milhão, foram realizadas pelas chamadas "contas de custódia" (usadas para passagem de valores, mas que não são o destino final do dinheiro). Segundo apurou o Blog, os investigadores brasileiros suspeitam que elas podem ser, inclusive, do próprio presidente da Câmara. Esclarecer esses depósitos é um dos próximos passos da investigação.
As movimentações revelam ainda que o presidente da Câmara teria pago ao menos US$ 516 mil para consultores financeiros de uma empresa com sede no Uruguai, segundo investigadores com acesso aos dados enviados pelo país europeu.
Em nota divulgada na tarde deste sábado (10), Eduardo Cunha afirmou nunca ter recebido "qualquer vantagem de qualquer natureza, de quem quer que seja, referente à Petrobras ou a qualquer outra empresa, órgão público ou algo do gênero". Em outro trecho, o presidente da Câmara questiona "vazamento" das investigações contra ele e diz que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, atua de forma "parcial" e com "viés político".