Após ficar desempregado, sem condições de pagar aluguel, um manobrista decidiu levar sua família para morar em uma mata em Pederneiras (SP). Adalcino Alves Nunes e sua mulher limparam a área de mata nativa a machadada, cercada por canaviais, para poder levantar um barraco.
Adalcino é de Novo Cruzeiro, em Minas Gerais, e veio com a família para o interior paulista em busca de uma vida melhor. O manobrista conseguiu serviço com carteira assinada, mas devido à crise foi demitido e então começaram os problemas. Ele está recebendo o seguro-desemprego, mas conta que desembolsar R$ 350 por mês ficou pesado para morar na cidade.
“Eu estava recebendo seguro, achei que ia conseguir serviço ou até mesmo um bico para poder pagar aluguel, mas como ficou meio difícil, não conseguimos nem o bico, nem o emprego, a gente acabou pagando os três meses e saímos fora. Senão o dono ia pedir a casa, a gente não ia ter dinheiro para pagar o aluguel”, conta Adalcino.
A mata fica na zona rural de Pederneiras a uma distância aproximada de 5 quilômetros da cidade. Nos últimos dias, essa mata se tornou o abrigo da família que está sem condições de pagar aluguel na área urbana. Adalcino levantou o barraco de um único cômodo com pedaços de um guarda-roupa que ganhou de doação. O chão é de terra, o espaço abriga só as camas. A casa não tem forro e quando chove entra água dentro. O fogão é à lenha.
Georgia Gonçalves de Oliveira, esposa de Adalcino, conta que eles não tinham mais condições financeiras de ficar na cidade. “Está difícil porque comprar coisas para as crianças a gente não pode. A gente levantava de manhã, às vezes não tinha nem um pão para meus meninos comerem. Eles pediam, a pequenininha falava: o que tem para eu comer? Tinha hora que tinha o café, o açúcar, tinha hora que não tinha, não dava para comprar.”.
A situação deles foi divulgada nas redes sociais e ganhou repercussão. Os moradores de Pederneiras passaram a ajudar levando alimentos, roupas e solidariedade.
O motorista Adam Silva, doou uma caixa d'água. E o mais importante, dia sim, dia não, tem trazido galões cheios para abastecer a família. “Eu trago da minha casa para ele, em uma carretinha de moto e puxo para ele aqui.”
A família já recebeu a visita de representantes da Secretaria de Assistência Social que se comprometeram a ajudar, mas o que Adalcino mais precisa no momento é de um emprego fixo e de uma casa própria, afinal a área onde ele está morando provisoriamente, de acordo com a prefeitura de Pederneiras, pertence ao estado. “Eu gostaria de ter uma chance de voltar a ter um emprego."
Fonte: G1 - Foto: Reprodução / TV TEM.