Em depoimento ao ministro Herman Benjamin, relator do processo
relativo à prestação de contas da ex-presidente Dilma Rousseff no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), o ex-executivo da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo
afirmou que, em razão das pressões das quais diz ter sido alvo e do suposto
risco de perder contratos com o governo federal, a empresa doou oficialmente R$
20 milhões para a chapa Dilma-Temer na disputa presidencial de 2014, em vez dos
R$ 10 milhões que havia programado doar inicialmente.
Otávio Azevedo disse também ter feito doação ao PMDB, mas
por decisão própria e não por pressão.
O ex-executivo da Andrade Gutierrez ficou preso por mais de
um ano em Curitiba, por decisão do juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação
Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal.
Mas o processo sobre as contas da campanha de Dilma não tem
relação com a Lava Jato e sim com o conjunto da arrecadação de recursos para a
campanha de Dilma em 2014.
Ao ministro Hermann Benjamin, Otávio Azevedo disse que havia
uma prática de doação para o PT da ordem de 2% de todos os contratos das
empresas com o governo federal – e não apenas nos contratos com a Petrobras.
Na explicação dada ao ministro do TSE, Azevedo afirmou que
pelo menos R$ 1,5 milhão declarados pela prestação de contas da campanha do PT
é de parcela de propina paga ao partido pela obra da hidrelétrica de Belo
Monte.
Segundo ele, a praxe era a doação de propina para o
diretório nacional do PT, que se incumbia de fazer a divisão internamente. Em
2014, declarou o ex-executivo ao ministro, foi feita uma doação de R$ 15
milhões, e uma parcela disso (R$ 1,5 milhão) foi declarada oficialmente pela
campanha de Dilma como doação da Andrade Gutierrez.
Além desse total que já havia sido repassado ao PT, segundo
Otávio Azevedo, a empresa havia programado doar mais R$ 10 milhões à campanha
de Dilma. Mas, devido às supostas pressões, aumentou esse valor para R$ 20
milhões.
Segundo ele, a pressão veio do ex-assessor de Dilma Giles
Azevedo e de Edinho Silva, tesoureiro da campanha presidencial da petista em
2014 e depois ministro da Comunicação Social. Azevedo disse que a empresa
aumentou o valor da doação porque sentiu a ameaça de perder contratos com o
governo federal.
O ministro Herman Benjamin perguntou de onde vinha o
dinheiro, e Azevedo respondeu que era estabelecido que a doação da empresa
deveria ser de 2% de todos os contratos.
Depois do depoimento de Otávio Azevedo, o advogado de Dilma
Rousseff nesse processo em tramitação no TSE, Flávio Caetano, pediu que Giles
Azevedo seja também convocado a prestar esclarecimentos.