Com a convocação para depor na CEI dos Medicamentos em mãos, desde ontem, o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), levanta a possibilidade de não comparecer à Câmara Municipal da cidade no próximo dia 6 de julho. Segundo o ex-gestor, apesar de deter o interesse maior em esclarecer como os recursos da capital foram empregados entres os anos de 2002 e 2008, ele não se sente obrigado a atender ao chamado dos vereadores, pois acredita não ter nada a acrescentar além do que já foi dito pelos ex-titulares da Saúde.
Carlos Eduardo explicou que, depois de ouvir os depoimentos de Aparecida França e Edmilson Albuquerque, pôde concluir que não houve desperdício do dinheiro público ou corrupção, mas sim deficiências na infra-estrutura da pasta. Porém, ainda com base no que relataram, os ex-secretários tomaram todas as providências cabíveis. "A prova de que o problema é complexo é que a atual gestão ainda não conseguiu resolver. Isso é porque deixamos tudo providenciado, faltando apenas concluir a reforma do galpão onde os remédios são armazenados", comparou o ex-prefeito.
Com relação ao relator da Comissão, vereador Albert Dickson (PP), autor da convocação, Carlos Eduardo reafirmou que o parlamentar usa as investigações como instrumento de vingaça pessoal e desmentiu que houve perseguição ao pepista após sua não filiação ao PRB. O ex-prefeito disse que o convênio que o irmão, a cunhada e a sobrinha de Albert Dickson tinham com a Funcarte foi suspenso porque continha várias irregularidades e o nepotismo seria uma delas. Além disso, eles não honravam com as responsabilidades sociais, trabalhistas e tributárias.
Quanto à irmã do vereador, demitida da Secretaria Municipal de Obras e Viação durante a sua gestão, o ex-prefeito alegou que recebia diversas reclamações com relação a assiduidade dela do então titular da pasta, hoje vereador Raniei Barbosa (PRB). Já sobre a tentativa de Albert Dickson de fazer um convênio com a Saúde para a realização de cirurgias de catarata, Carlos Eduardo disse que Aparecida França indiferiu a proposta porque se tratava de uma tentativa de promover a campanha do pepista ao legislativo municipal.
Falta pode gerar ação judicial
Apesar de a ida voluntária de Carlos Eduardo à Câmara ainda ser incerta, o presidente da Comissão, vereador Hermano Morais (PMDB), está otimista quanto à colaboração do ex-prefeito. "Espero que ela faça como todos os seus ex-auxiliares e atenda ao chamado da CEI. Estou certo de que como bom cidadão e ex-gestor que é, ele não faltará", acredita o parlamentar líder do grupo, que decidiu pela convocação de Carlos Eduardo na quinta-feira, um dia depois de Albert Dickson voltar de Brasília com documentos "comprometedores".
Porém, caso Carlos Eduardo não compareça espontâneamente à sede do legislativo municipal, a Comissão pode brigá-lo a responder aos questionamentos por meio de ação judicial. Após três ausências não justificadas, o ex-gestor público é levado à Câmara coercitivamente. "Não quero usar esse recurso, mas se ele não nos der saída", adianta Hermano, firme na necessidade de que Carlos Eduardo tem que prestar os esclarecimentos necessários.
Fonte: DNonline