Custos administrativos, valor total da obra e comparações com outros estádios edificados no Rio Grande do Sul e no Nordeste - em Pernambuco, Ceará e Bahia- marcaram os depoimentos de duas testemunhas ouvidas nesta terça-feira (21) em mais uma reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito -CPI, instalada na Assembleia Legislativa para apurar possíveis irregularidades no contrato para construção e administração da Arena das Dunas.
O primeiro a ser ouvido foi o auditor do Tribunal
de Consta do Estado (TCE), Vladimir Sérgio de Aquino Souto, que antes de
ser submetido à oitiva apresentou um documentário em vídeo sobre os
pontos contidos no relatório elaborado por uma equipe do Tribunal.
Ele
disse aos integrantes da CPI que sempre teve dificuldades de obter os
documentos requisitados pela equipe, desde 2011 quando o Ministério
Público Federal solicitou informações sobre o contrato com a empresa
construtora, a OAS.
A questão principal era como a empresa tinha
chegado a um orçamento de R$ 400 milhões para a demolição do Machadão e
do ginásio Machadinho e construção da Arena das Dunas, para a Copa do
Mundo der 2014.
“Era uma proposta muito alta para a gente entender
como chegaram àquela quantia, para a construção em três anos e um prazo
de mais 17 anos de concessão. A única coisa era uma planilha que não
dava a entender que tinham vários valores quebrados e no final dava um
total de R$ 400 milhões. Isso era muito misterioso para nós”, disse o
auditor Vladimir Sérgio.
Ele disse ainda que na comparação feita com a
Arena Grêmio, em Porto Alegre, construída pela mesma empresa, o preço
do metro quadrado na Arena da Dunas foi 54,9% mais caro. Já em relação
as Arenas do Nordeste que foram comparadas, o custo em Natal foi 40,9 %
mais elevado.
O depoimento do auditor José Rosenilton seguiu na mesma
linha e acrescentou que no caso da Arena do Grêmio é mais confortável e
de qualidade maior, inclusive é toda coberta o que não acontece com a
de Natal. “A Arena do Grêmio é a única na América do Sul que recebeu
nota 5 da UEFA, que é mais exigente do que a Fifa”, afirmou Rosenilton.
Os
depoimentos tiveram avaliações diferentes na CPI. Para a relatora,
deputada Isolda Dantas (PT) foram muito esclarecedores. “A falta de
entrega de documentos deixa sinais evidentes de que houve sobrepreços.
Estamos chegando ao ponto final. O importante é defender o Estado”,
disse a deputada Isolda.
Já o deputado Tomba Farias (PSDB) que
presidiu a reunião disse que o encontro foi muito bom, mas não ficou
satisfeito com o método de fazer comparações. “Comparações em
construções são muito perigosas quando não se tem memória de cálculos.
Conheço a Arena Pernambuco. Lá o piso é todo rachado. Preço de metro
quadrado existe para todos os gostos. Você pode fazer uma construção
numa mesma área, numa usando material mais barato e noutra material de
primeira qualidade”, afirmou Tomba.
Ao final da reunião, o deputado
Getúlio Rêgo (DEM) solicitou que seja convocado o perito Erick Caldas
para ir à Comissão falar sobre cálculos e interpretação sobre receita
líquida. Participaram também da reunião os deputados Kleber Rodrigues
(PL) e Subtenente Eliabe (SDD).
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