No depoimento à Justiça em que reafirmou que o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva negociou com um lobista pagamentos a seu filho
caçula, Luís Cláudio Lula da Silva, para a aprovação de uma Medida
Provisória (MP), o ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda/Casa
Civil/Governos Lula e Dilma) citou ter presenciado pedidos de Lula a
ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em favor de empresas.
De acordo com Palocci, por “diversas vezes” Lula fez “inúmeros
pedidos” à Dilma em relação a interesses de empresas e de parceiros dele
(Lula). Na versão dada pelo ex-ministro, Dilma “nem sempre” tinha
conhecimento de que os pedidos de Lula envolviam o pagamento de propina.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a petista afirmou que
Palocci, que assinou um acordo de colaboração com a Polícia Federal,
continua a mentir.
O ex-ministro prestou depoimento na manhã desta segunda-feira, 18,
via teleconferência da Justiça Federal em São Paulo. A oitiva se deu no
âmbito da ação penal da operação Zelotes em que o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva é réu por suposto tráfico de influência na compra
dos caças suecos da marca Grippen e na edição da MP 627.
No depoimento, conduzido pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira,
Palocci disse desconhecer qualquer irregularidade envolvendo Lula no
caso dos caças Grippen, mas reafirmou seu conhecimento sobre os repasses
do lobista Mauro Marcondes ao filho do ex-presidente, Luis Cláudio Lula
da Silva.
“Que tenho mais referência foi uma reunião ocorrida em maio de 2014.
Luís Cláudio me procurou na minha consultoria e disse que naquele ano de
2014 ele já estava com o projeto do futebol americano fechado e que
faltava cerca de R$ 2,5 milhões. E me perguntou se eu poderia ajudar”,
disse Palocci.
Após esse encontro, disse o ex-ministro, ele se reuniu com Lula para
perguntar se deveria atuar em favor de Luís Cláudio. “(Lula) Me contou
que não precisava mais, porque através da MP 627 ele havia negociado os
recursos suficientes que o Luís Cláudio precisava”, afirmou Palocci.
Questionado pelo advogado Cristiano Zanin, defensor de Lula, Palocci
afirmou que as conversas com Lula e Luís Cláudio não tiveram a
participação ou foram testemunhadas por outras pessoas.
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