3 de outubro de 2014

ENTENDA O FERIADO DOS MÁRTIRES DO CUNHAÚ

Em 16 de junho de 1645, o Pe. André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por 200 soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis estavam participando da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú - no município de Canguaretama (RN). A chacina foi motivada pela intolerância calvinista dos invasores que não admitiam a prática da religião católica.

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O movimento de insurreição contra o domínio holandês já começara em Pernambuco, mas, na capitania do Rio Grande do Norte, tudo parecia normal. Bastou, porém, a presença de uma só pessoa para que o clima se tornasse tenso: Jacó Rabe, um alemão a serviço dos holandeses. Ele chegara a Cunhaú no dia 15 de julho de 1645.

Rabe era um personagem por demais conhecido dos moradores de Cunhaú. Suas passagens por aquelas paragens eram freqüentes, sempre acompanhado dos ferozes tapuias e soldados holandeses, semeando por toda parte ódio e destruição. A simples presença de Rabe e dos tapuias era motivo para suspeitas e temores. Ele dizia-se portador de uma mensagem do Supremo Conselho Holandês, do Recife, aos moradores de Cunhaú.


No dia 16 de julho, Domingo, um grande número de colonos estava na igreja, para a missa dominical celebrada pelo Pároco, Pe. André de Soveral. Jacó Rabe mandara afixar nas portas da igreja um edital, convocando a todos para ouvirem as Ordens do Supremo Conselho, que seriam dadas após a missa. Como havia um certo receio pela presença de Jacó Rabe, alguns preferiram ficar esperando na casa de engenho.


Chegou a hora da missa. Os fiéis, em grupos de familiares ou de amigos, dirigiram-se à igrejinha de Nossa Senhora das Candeias. Levados apenas por cumprir o preceito religioso, os fiéis não portavam armas, mas só alguns bastões que encostaram nas paredes do pórtico. O Pe. André inicia a celebração, e a mando de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da Igreja e se deu início à terrível carnificina.


Foram cenas de grande atrocidade: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente indefesos, foram covardemente atacados e mortos pelo flamengos com a ajuda dos tapuias e potiguares.

Três meses, sob o comando de Rabe e ajudado pelo chefe potiguar Antônio Paraopaba o fato se repetiu. Desta vez na Comunidade de Uruaçu, em São Gonçalo do Amarante. O martírio de mais 80 pessoas, entre elas, estava o camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento".


Contam os cronistas que as notícias dos graves e dolorosos acontecimentos de Cunhaú se espalharam rapidamente por toda a capitania do Rio Grande do Norte e capitanias vizinhas. A população ficou assustada e temia novos ataques dos tapuias e potiguares, instigados pelos holandeses.


Segundo Mons. Francisco de Assis Pereira, Postulador da Causa de beatificação desses Mártires, "a memória dos servos de Deus sacrificados em Cunhaú e Uruaçu, em 1645, permaneceu viva na alma do povo potiguar, que os venera como autênticos defensores da fé católica". O processo de beatificação foi concedido pela Santa Sé, no dia 16 de junho de 1989, e, em 21 de dezembro de 1998, o Papa João Paulo II assinou o Decreto reconhecendo o martírio de 30 brasileiros, sendo dois sacerdotes e 28 leigos.

Mons. Assis acompanhou o processo por mais de dez anos, reunindo documentos em pesquisas realizadas em Portugal, Holanda e no Brasil. Deste material resultou o livro Protomártires do Brasil, de sua autoria.

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