13 de novembro de 2015

2 DOS 11 MORTOS EM CHACINA NO CE RESPONDERAM POR CRIMES LEVES

O titular da Secretaria de Segurança e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE), Delci Teixeira, falou pela primeira vez nesta sexta-feira, (13) sobre a série de assassinatos ocorridos de quarta-feira (11) para quinta-feira (12) na Grande Messejana, em Fortaleza. Em entrevista ao CETV 1ª Edição, o secretário afirmou que apenas duas das 11 vítimas tinham passagens pela polícia por crimes de ''potencial leve''.

Familiares velam o corpo de uma das vítimas da série de assassinatos na Grande Messejana (Foto: Aline Oliveira/ TV Verdes Mares)

Teixeira afirmou ainda que a que série de homicídios pode ser a maior chacina já registrada no estado e chamou de "descabida e desmedida", se comprovada, a motivação do crime ter sido vingança pela morte do policial Vanterberg Chaves.

A SSPDS já identificou os mortos. "Fizemos o levantamento dessas pessoas todas. Elas já estão identificadas. O que se está buscando, se eles têm passagem pela polícia. Muitos são jovens, menores, uma quantidade muito grande de menores, quase 50% das pessoas que foram mortas são menores, mas dessas pessoas todas foi verificada se passaram pela polícia e tivemos apenas duas com envolvimento, mas algo num potencial muito leve, que é um acidente de trânsito e pensão alimentícia, o que não justifica uma morte".
Ao ser questionado sobre se o crime pode ser considerado a maior chacina já registrada no Ceará, o secretário disse que os elementos apontam para essa constatação: "Me parece que sim, porque nós tivemos uma chacina em Sobral, com seis pessoas. Tivemos uma chacina aqui em Fortaleza envolvendo cinco pessoas e aí uma das linhas da investigação é que uma dessas lideranças seria apontada como responsável por aquela chacina. Mas, seguramente, essa é algo que preocupa porque foram dois homicídios duplos e depois mais dois homicídios triplos, isso já nos dá seis pessoas mais uma de um desses triplos que acabou falecendo no hospital. Então, onze vítimas. Então, realmente, é uma coisa absurda".
Delci Teixeira também reafirmou que a polícia trabalha com três linhas de investigação: "Não descartamos nenhuma possibilidade na apuração dessa tragédia que aconteceu na nossa capital. Claro que uma delas envolve a morte de uma pessoa, uma liderança da criminalidade que foi emboscada por diversos caras, o que é uma possibilidade. A segunda é uma prisão de outra liderança da criminalidade com armas de alto poder de destruição e também não descartamos a possibilidade de uma vingança por pretensamente entender que alguém o tenha denunciado à polícia".

Sobre a hipótese de retaliação à morte do policial assassinado ao tentar defender a esposa de um assalto, o secretário avalia como "criminosa, desmedida e decabida" a suposta responsabilidade de policiais. "Fica para nós ainda o questionamento de porque seria uma retaliação, porque na verdade a morte do policial não foi em razão de ele ser policial ou de estar em serviço naquele momento. Foi uma tragédia que ocorreu quando sua esposa estava sendo assaltada e ele em sua hora de folga teria reagido e teria sido morto. Talvez as pessoas que o executaram nem soubesse que era policial. Então, se ela ia vingar, vai nos surpreender (...) entenderíamos que seria totalmente descabida e desmedida porque uma reação desse porte não seria justificada mesmo porque nós temos esse tipo de tragédia quase todos os dias, com pessoas sendo assassinadas", reforçou.
O secretário soube do crime quando estava depondo numa Comissão Parlamentar de Inquérito sobre morte de menores no Senado e que se reuniu com o governador na noite desta quinta-feira. "Tomamos diversas medidas no envio de tropas especiais. Pedimos o apoio da Controladoria para que trabalhasse junto conosco nessa apuração e estamos trabalhando. Vamos ver quais os resultados a serem obtidos. Agora, nossa grande responsabilidade no momento é trazer tranquilidade àquela região. Isso nós temos obrigação de providenciar o mais rápido possível".
Corpos de vítimas dos assassinatos em série desta quinta-feira (12) em Fortaleza foram velados na manhã desta sexta-feira (13) em residências na Grande Messejana. Familiares do adolescente Antonio Alisson Inácio Cardoso, 16 anos, se reuniram nesta manhã na sede da central de ''táxi amigo'' onde ele trabalhava, no Bairro Curió, para prestar as últimas homenagens a ele.
Horas após a morte do policial militar Valterberg Chaves Serpa, baleado ao tentar proteger a mulher durante um assalto, começou a sequência de 11 assassinatos na mesma região, nos bairros Lagoa Redonda e Curió e na Comunidade São Miguel.
Pedro Alcântara e Antonio Alisson foram alunos da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Professora Terezinha Ferreira Parente (Foto: Arquivo Pessoal)
O corpo de outra vítima, Pedro Alcântara Barroso do Nascimento Filho, 18 anos, foi velado na casa da avó do rapaz. Ele e Antonio Alisson eram alunos da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Professora Terezinha Ferreira Parente, que suspendeu as aulas na noite desta quinta-feira por motivos de segurança.
De acordo com o diretor da escola, Adriano Nascimento da Silva, os dois alunos eram considerados "tranquilos". "Eles estudaram conosco até 2013 e nunca apresentaram nenhum comportamento que comprometesse a conduta deles. O Pedro continuava na escola participando da banda. O clima está muito tenso na escola, de muito pesar", ressaltou.
As 11 mortes estão sendo investigadas pela polícia. Segundo o chefe do Comando de Policialmento da Capital, coronel Francisco Souto, uma das linhas de investigação apura se há ligação com a morte do policial. "Evidentemente, não se descarta a possibilidade de existir alguma represália por conta da morte do policial", diz.
A identidade dos onze mortos foram divulgadas na noite desta quinta-feira pela Secretaria de Segurança e Defesa Social (SSPDS). Quatro pessoas entre os mortos são adolescentes com menos 18 anos; outros três têm entre 18 e 19 anos de idade. Uma outra pessoa assassinada no Bairro São Miguel tem 41 anos. Veja abaixo o nome e idade dos mortos já identificados.

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