O ex-presidente peruano Alan García
deixou uma carta-testamento antes de cometer suicídio na última quarta-feira
(17), na qual afirmou não querer sofrer a injustiça de ser preso sob acusação
de participar de um escândalo de corrupção.
Ele
garantiu que "não houve nem haverá contas nem propinas" e que "a
história tem mais valor que qualquer riqueza material".
García se matou com um tiro na cabeça, logo após um
promotor e a polícia chegarem à sua casa para prendê-lo por acusação de
corrupção dentro de um escândalo de pagamento de propinas envolvendo a
construtora brasileira Odebrecht no país.
"Vi outros desfilarem algemados, guardando a
sua miserável existência, mas Alan García não tem por que sofrer essa injustiça
e esse circo, por isso deixo aos meus filhos a dignidade das minhas decisões,
aos meus companheiros um sinal de orgulho, e o meu corpo como uma amostra do
meu desprezo aos meus adversários, porque já cumpri a missão que me
impus", diz a carta, lida por Luciana García Nores, uma das filhas do
político, no funeral
realizado em Lima, na sede do Partido Aprista Peruano, do qual era o
líder.
No texto, revelado pouco antes de o caixão com o
corpo de García ser levado ao cemitério onde será cremado, o ex-governante
também declarou ter cumprido a missão de levar duas vezes ao poder a legenda.
García, que governou o Peru em dois mandatos
(1985-1990 e 2006-2011), afirmou na carta que seus adversários políticos
"optaram pela estratégia" de denunciá-lo durante mais de 30 anos, mas
"jamais encontraram nada".
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