O juiz federal Ricardo Soares Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, determinou que a Polícia Federal entre na investigação dos e-mails atribuídos à ex-presidente Dilma Rousseff ao casal João Santana e Mônica Moura. A petista é acusada de obstrução de Justiça por supostamente ter alertado os marqueteiros sobre o desenvolvimento da Operação Lava Jato enquanto ainda era presidente.
Dilma foi denunciada pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em setembro do ano passado. Após o impeachment, a investigação foi encaminhada à primeira instância da Justiça.
O Ministério Público Federal (MPF) chegou a pedir arquivamento da parte da denúncia referente aos e-mails e uma cópia do processo para a abertura de um novo procedimento, por suposta falta de provas. Com a decisão do magistrado, a investigação será dividida entre a PF e o MPF.
Segundo denúncia de Janot, a ex-presidente usou o rascunho de uma conta no Gmail para informar Mônica Moura sobre desenvolvimentos da Lava Jato que poderia afetar a ela e a seu marido, o marqueteiro João Santana. O casal foi preso e colaborou com a investigação por meio de delação premiada.
“Em agosto de 2015, Dilma Vana Rousseff criou as contas de correio eletrônico 2606alvarina@gmail.com e 2606iolanda@gmail.com, compartilhando a respectiva senha com Mônica Moura”, cita a denúncia. “Ambas passaram a utilizar tal correio eletrônico para trocar mensagens cifradas sobre a Operação Lava-Jato. As mensagens não eram enviadas para evitar monitoramento e rastreamento, mas eram apenas escritas e salvas como rascunhos”, prossegue o texto.
A denúncia de Janot diz que, pouco antes de ela e o marido serem presos pela PF na Lava Jato, Dilma escreveu a seguinte mensagem, em 19 de dezembro de 2015: “O seu grande amigo está muito doente. Os médicos consideram que o risco é máximo. O pior é que a esposa, que sempre tratou dele, agora está com câncer e com o mesmo risco. Os médicos acompanham os dois, dia e noite.” “Tratava-se de um aviso antecipado sobre a prisão do casal de publicitários. Na época, a advertência foi, ainda, reiterada por meio de telefonemas feitos por Dilma e Mônica em 20 e 21 de dezembro”, escreve Janot.
A denúncia do ex-PGR lista outros dois episódios que configurariam crime de obstrução de Justiça: suposta oferta de suporte político e financeiro ao então senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS), a fim de evitar uma delação premiada; e intenção de dar posse ao ex-presidente Lula no cargo de ministro da Casa Civil, com o suposto propósito de conceder ao petista foro privilegiado.
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