A revista Veja desta quinta-feira (12) aponta que Mauro Cid,
ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, mentiu em seu
depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), esta semana, no julgamento
da suposta tentativa de golpe, em 8 de janeiro de 2023. A publicação
obteve acesso a uma troca de mensagens do tenente-coronel Cid, já na
condição de delator, através de uma conta do Instagram, nas quais ele
revela detalhes dos seus depoimentos.
O tenente-coronel fez um acordo de delação premiada e, em troca
de benefícios, teria ajudado a Polícia Federal a esclarecer o plano para
subverter as instituições democráticas e, na prática, aplicar um golpe
de Estado. Entretanto, o acordo depende de uma série de condições: Cid
se comprometeu a falar a verdade, a não revelar o que relatou às
autoridades, não ter contato com outros investigados e nem usar redes
sociais.
“Antes do início do interrogatório, Cid foi advertido [pelo ministro do
STF Alenxandre de] Moraes sobre a obrigação de falar apenas a verdade.
Ao afirmar, na sequência, que não usou a rede social [em resposta ao
advogado de Bolsonaro], ele mentiu”, diz Veja. O advogado de Bolsonaro
Celso Vilardi perguntou a Mauro Cid se ele havia usado um perfil de
redes sociais para se comunicar com alguém. O tenente-coronel disse que
não, mas a revista Veja obteve uma série de conversas que mostram que
revelou a terceiros o teor dos depoimentos usando a conta de sua esposa
no Instagram.
Cid revela, por exemplo, de pressões das aturoidades. Ele relata que o
delegado responsável pelo inquérito tentava manipular suas declarações e
diz que Moraes já teria decidido condenar alguns réus antes mesmo do
julgamento. Segundo a revista, “essas confidências, em tese, podem
resultar na anulação do acordo de colaboração e, por consequência, na
revisão dos benefícios dados ao tenente-coronel”.