O Primeiro Comando da
Capital (PCC) planejava matar o promotor de Justiça Carlos Paixão de
Oliveira, de Roraima. O crime estava sendo planejado por Sérgio Souza da
Silva, chefe da facção que ocupava a função de “Geral da Rua” no
Estado. Geral da Rua é o responsável por coordenar as ações do grupo
feitas por bandidos em liberdade.
Souza pediu autorização para
executar o crime à Sintonia dos Estados e Outros Países – que chefiou
interinamente a facção durante o tempo em que Marco Willians Herbas
Camacho, o Marcola, ficou isolado na prisão em 2017. A prova da
Promotoria são mensagens SMS passadas pelo acusado, um dos 75
denunciados na Operação Echelon.
“Localizei promoto (sic) do
estado”, diz a mensagem. “(Ele) anda normal na rua já aqui na capital”,
continua o texto. “Quero pega (sic) um agente, quero faz (sic) dois
tabuleiro mas preciso dessa determinação.” Tabuleiros é como os
criminosos chamam o planejamento de uma ação, que pode ser a morte de um
agente público ou de um “lixo”, como são chamados os bandidos rivais da
organização.
Quem autoriza os atentados era sempre a Sintonia dos
Estados e Outros Países, composto por sete integrantes, na qual se
destacavam os presos Claudio Barbará da Silva, o Barbará, e Célio
Marcelo da Silva, o Bin Laden. Abaixo da sintonia estava o Resumo dos
Estados, onde atuavam Rafael Silvestri da Silva, o Gilmar, e Adriano
Hilário dos Santos, o Kaique.
Gilmar e Kaique eram consultados
quando chefes estaduais do PCC decidiam matar desafetos e integrantes de
facções como o Comando Vermelho (CV) e a Família do Norte (FDN). É
assim que Kaique ordenou no dia 28 de setembro de 2017 o assassinato de
um jovem supostamente ligado ao CV em Mato Grosso do Sul. “Faz um vídeo e
ranca (sic) a cabeça dele fora. Eu quero que ‘ranca’ a cabeça dele
fora”, ordena Kaique. O subordinado quer ter certeza da ordem e
pergunta: “Já pode matar então?”. Kaique responde que sim. “Pode cortar a
cabeça dele, é CV confirmado, certo?”
Quatro horas depois, o
comparsa telefona para Kaique e diz que já enviou o vídeo. A
interceptação mostra que Kaique não o havia visto. “Deixei o outro
celular em casa.” E pergunta: “Rancou (sic)?”. O comparsa responde que
sim. “Da hora, da hora. Vamos pegar o próximo agora.”
Em outra
oportunidade, Gilmar manda “arrancar o coração” da vítima, “passar o
facão”, que o “chicote vai estalar”. “Tira foto para nós”, recomenda o
chefe ao subordinado. “Demorô”, responde o comparsa.
Dedos. O PCC
fez em 2017 uma lista de pessoas juradas de morte em cada Estado, a
maioria delas supostos integrantes de facções rivais – a guerra entre
elas é resultado da disputa pelo domínio de rotas do narcotráfico no
País. Kaique diz o que deve acontecer com uma delas em um telefonema em
10 de setembro de 2017. “Já falou bastante. Arranca os dedos e a orelha,
mano. Fala que é para fazer um vídeo da hora.” As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
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