O desmatamento e as queimadas na Amazônia estão
ligados a uma rede de criminosos que pagam por mão-de-obra, por grandes
maquinários (motosserras, tratores, correntes, caminhões), e por proteção de
milícia armada contra quem tenta denunciar os crimes, aponta um relatório da
Humans Rights Watch (HRW), divulgado nesta terça (17).
Os criminosos ameaçam indígenas, agricultores,
agentes públicos e até policiais. No alvo do crime estão os chamados
"defensores das terras", segundo o relatório “Máfia do Ipê: como a violência e a impunidade impulsionam o desmatamento
na Amazônia brasileira”, feito pela organização.
De acordo com a HRW, a destruição da floresta é
consequência da grilagem, crime que ocorre quando as terras são tomadas por
indivíduos que se apropriam delas, segundo o documento. Os criminosos desmatam,
queimam, e colocam gados sobre o pasto que sobra, para depois revender com
documentos falsos, “legalizando” a área invadida.
"O
objetivo [do relatório] era documentar a intimidação e a violência contra
pessoas que defendem a floresta. A conclusão é que existem redes criminosas na
Amazônia que estão envolvidas na extração ilegal de madeira em larga escala e
em outros crimes, como ocupação de terras públicas, grilagem e, em alguns
casos, com garimpo ilegal e tráfico de drogas", afirma Cesar Munoz,
pesquisador e um dos autores do relatório da Human Rights Watch.
O documento foi elaborado a partir de mais de 170 entrevistas feitas
entre 2017 e 2019 – entre elas, policiais, promotores, agentes do Instituto
brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) e Fundação Nacional do Índio (Funai), indígenas,
comunidades locais e agricultores. Os dados sobre crimes relacionados ao uso do
solo são da Pastoral da Terra, ligada à Igreja Católica – foram ao menos 300
crimes nos últimos dez anos, segundo a entidade. O governo federal não tem
dados que monitoram este tipo de crime.
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