Investigações da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro mostram
que os dez deputados estaduais presos nesta quinta-feira (8) lotearam
postos do Detran em 20 municípios do estado, segundo a denúncia do
Ministério Público Federal.
A investigação do loteamento, de acordo com procuradores, começou com a
apreensão do notebook do deputado Edson Albertassi, então líder do MDB,
na Assembleia Legislativa do RJ e um dos supostos beneficiados no
esquema.
No computador, constava a divisão de controle dos postos em cada
cidade. As investigações mostram que a empresa Prol, vencedora dos
contratos para fornecimento de mão-de-obra nos postos, disponibilizava
cargos para indicação dos deputados.
Na planilha, cada parlamentar aparece com um número determinado de
cargos disponíveis chegando a indicar diretores de unidades. São
indicações para chefes de unidades, responsáveis por vistorias e
assistentes.
De acordo com as investigações, o ex-presidente da Alerj, o deputado
Jorge Picciani é quem indicou a cargos em postos em mais cidades: 6
(Nova Iguaçu, Queimados, Belford Roxo, São João de Meriti, Teresópolis e
Três Rios).
Leitura de emails, obtidos a partir de quebra de sigilo autorizada pela
Justiça, ainda na operação Cadeia Velha, em 2017, mostram o deputado
Paulo Melo, chamado pelos investigadores de "dono" do Detran, com
ingerência junto à uma funcionária do grupo Facility/Prol e a Carla
Adriana Pereira, diretora de registro de veículos no Detran/RJ.
Segundo os investigadores, o Detran era manipulado para a realização de
atividades de interesse de grupos corruptos. O deputado Paulo Melo era
considerado o “dono” do Detran", disse a delegada Xênia Soares, da PF.
Ainda de acordo com a denúncia, a empresa ganhava os contratos e além
da propina paga à quadrilha do ex-governador Sérgio Cabral
disponibilizava cargos aos deputados estaduais para que eles votassem
projetos de interesse da empresa de propriedade do empresário Arthur
César Soares, o Rei Arthur.
O esquema começou, segundo os procuradores, em 2005 durante o governo
Rosinha Garotinho e se expandiu no governo Sérgio Cabral. Não há, até o
momento, qualquer investigação contra a ex-governadora.
Além de possíveis vantagens ilícitas que poderiam ser obtidas pelo
grupo nos postos do Detran, os funcionários da terceirizada indicados
pelos parlamentares ainda atuavam em campanhas políticas. Isso, de
acordo com o Ministério Público Federal (MPF), garantiu aos deputados
votação expressiva nas regiões onde eles tem controle das unidades.
Fonte: G1/RJ.
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