24 de agosto de 2013

ESPECIALISTAS APONTAM INDÍCIOS CONCRETOS DO USO DE GASES NA SÍRIA

GENEBRA — Alastair Hay, toxicologista da Universidade de Leeds, no Reino Unido, que participou de seis investigações internacionais sobre uso de armas químicas, inclusive no Iraque, não tem dúvida: as imagens que recebeu de médicos e ativistas indicam que as fileiras de mortos na Síria, bem como os sobreviventes, foram mesmo vítimas de um “gás muito potente”. Não havia trauma, ou seja, feridas. Ele descarta o gás mostarda, e acredita, como a maioria dos especialistas, num químico bem mais devastador: o sarin.


Sírios supostamente atingidos por armas químicas buscam tratamento num hospital de Saqba: dificuldades de respirar
Foto: STRINGER / REUTERS/21-8-2013

- O número de pessoas afetadas e os sintomas visíveis sugerem que seja um gás que afeta diretamente o sistema nervoso. Seja lá o que for, trata-se de um asfixiante poderoso, capaz de fazer as pessoas pararem de respirar - disse.

O ex-capitão das Forças Armadas dos Estados Unidos Dan Kaszeta, especialista em planejamento e resposta a incidentes e ataques com armas químicas, biológicas, radiológicas e nucleares, trabalhou por 12 anos como consultor para a Casa Branca e para o Serviço Secreto. Ele também não tem dúvidas:

- Algum tipo de substância química foi usada. Seja lá o que foi, era gás, não era líquido - afirmou.

Os dois especialistas, entrevistados por telefone pelo GLOBO, são parte da legião de pessoas que buscam nas imagens de um massacre na Síria que chocou o mundo os indícios de um suposto ataque com armas químicas nos arredores de Damasco. O ataque a Ghouta, área controlada por rebeldes, teria provocado pelo menos 100 mortes - há relatos de mais de mil. A oposição acusa o regime de Bashar al-Assad. Mas ele nega. Essas armas são proibidas pela Convenção sobre Interdição de Armas Químicas, de 1997, que a Síria jamais assinou.

Hay diz que pôde observar nos vídeos sintomas como dificuldade de respirar, secreção pelo nariz e pela boca, espasmos, convulsões e muito suor - típicos de organofosforados. O gás sarin é um organofosforado. E, segundo Hay, foi desenvolvido justamente por isso: se espalha rapidamente, mata e fere muita gente.

O especialista lembra que, embora o acesso imediato às pessoas seja muito importante para coletar evidências, a dificuldade de se chegar ao local não fecha completamente as portas de uma investigação. Um químico como o sarin fica no cabelo mesmo depois de lavado.

- No caso das pessoas que foram pesadamente expostas ao gás sarin, ainda podem-se achar as evidências de quatro a seis semanas depois. E se der para chegar ao lugar onde houve a explosão e obter fragmentos de munição, é possível obter em laboratório evidências convincentes - explicou

 

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