10 de janeiro de 2017

POR SUSPEITA DE RECEBER PROPINA, DIRETOR DE PRESÍDIO ONDE OCORREU MASSACRE NO AM É AFASTADO DO CARGO

O diretor interino do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), José Carvalho da Silva, foi afastado do cargo nesta terça-feira (10) por suspeita de receber propina de uma facção. Ele estava no posto desde 28 de novembro de 2016. A decisão foi confirmada pelo secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes.
 
 
 
Presos afirmam em cartas que o diretor interino ganhou dinheiro para permitir a entrada de armas e drogas na unidade prisional. No início do ano, 56 detentos foram mortos em um massacre e 112 fugiram do Compaj.
 
  
 
 
"Não estou acompanhando isso, não sei o destino e o teor da carta. Quando chegaram as cartas, ele [José Carvalho da Silva] foi afastado. Ele se encontra afastado para responder a procedimentos, temos que tomar certo cuidado nesse momento de crise. Se houver indício [de irregularidades], mínimo, o cargo é de segurança, e ele pode ser afastado a qualquer hora", diz o secretário.
 
 
 

Em 10 de dezembro, uma carta assinada por dois presos denunciou um esquema de corrupção na prisão. Um deles acabou morto na chacina do dia 1º de janeiro. Segundo o texto, a facção Família do Norte (FDN) pagou propina para a diretoria facilitar a entrada de armas, drogas e celulares no local.
 
 
 
 
A carta foi escrita à mão e enviada à Defensoria Pública do Estado (DPE-AM), que informou que a denúncia dos detentos deverá ser investigada pelo Ministério Público.
 
 
 
 
A vítima da chacina contou no texto que tinha medo de morrer e pedia para continuar na ala de guarda-volumes do Compaj. Ele cumpria pena separado dos demais presos, por ter recebido ameaças de morte. Segundo um documento de 2015, o preso era ameaçado por ter decidido deixar a FDN.
 
 
 
 
Na carta escrita em dezembro do ano passado, ele diz sofrer "tortura psicológica" da subdiretoria do Compaj e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que estariam ameaçando transferir os detentos do local considerado seguro por eles. A subdiretoria é subordinada à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap-AM).
 
 
 
 
"Os mesmos estão diariamente fazendo ameaças da questão de nós (sic) tirar de onde estamos hoje, guarda-volume, seguro 2. (...) Não temos convívio em nenhum lugar, só temos convívio onde estamos, porque por todos os cantos nós já passamos e saímos entre a vida e a morte", relata o preso, em trecho da carta.
 
 
 
Segundo ele, as ameaças ocorriam "sem motivo". "Só pelo fato de nós internos sabermos que eles são corrupto (sic) e recebem dinheiro da facção FDN, facilitando a entrada de armas, drogas, celulares, facilitando a última fuga que teve no Compaj, onde fugirão (sic) 114 internos na semana passada [início de dezembro] e nada foi feito", diz.

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