12 de setembro de 2015

EX-BICHEIRO É CONDENADO A 44 ANOS DE PRISÃO

Depois de quase dois dias de julgamento, o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro foi condenado, na tarde desta sexta-feira (11), a 44 anos e dois meses de prisão em regime inicialmente fechado pela morte do empresário Rivelino Jacques Brunini, que integrava uma rede de caça-níqueis no estado, de Fauze Rachid Jaudy, além da tentativa de homicídio de Gisleno Fernandes. Os crimes ocorreram em junho de 2002. A defesa do réu disse que vai recorrer da decisão. O Ministério Público do Estado (MPE) informou que deve pedir aumento da pena.

João Arcanjo foi condenado a 44 anos e dois meses de prisão (Foto: Edson Rodrigues/ Secom-MT)

O julgamento teve início na manhã desta quinta-feira (10) e a sentença saiu por volta das 16h desta sexta-feira (11). O réu está preso na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Porto Velho (RO) e é o quarto acusado condenado neste processo. Os outros são Júlio Bachs e os ex-policiais Célio Alves e Hércules Agostinho.

O MPE acusa Arcanjo de explorar o ramo das máquinas caça-níqueis no estado indiretamente, por meio de concessões. Brunini participava do esquema subordinado a Arcanjo e, conforme a denúncia, tornou-se alvo do réu após fazer operações não autorizadas em Mato Grosso, como a implantação de novas máquinas e a associação a um outro grupo do ramo, sediado no Rio de Janeiro e que pretendia dar fim ao monopólio de Arcanjo na área.

No julgamento, seis pessoas prestaram depoimento, sendo que o mais longo foi o da irmã de Brunini, Raquel Spadoni Jacques Brunini. Emocionada, ela chorou perante a juíza Mônica Catarina Perri, que conduziu o julgamento, e disse não restar dúvidas de que João Arcanjo mandou matar o empresário após um suposto conflito por causa da exploração de máquinas caça-níqueis em Mato Grosso na década passada.

Raquel disse que a vida da família ficou destruída depois do assassinato. "No dia do assassinato, as crianças foram para a casa da avó. Tivemos que sair de Mato Grosso. Fomos ameaçados por telefone. Igual filme de terror. Fomos embora e até hoje vivo fora do país. Passaram 12 anos e até agora ninguém trouxe meu irmão de volta. Tudo por causa do desgraçado desse homem", declarou, durante o júri.

Na sustentação oral, o promotor do Ministério Público Estadual (MPE), Vinícius Gahyva, disse ter absoluta certeza de que Arcanjo é o mandante do crime e citou as confissões dos ex-pistoleiros de Célio Alves e Hércules Agostinho, já condenados pelo duplo homicídio. Hércules foi quem efetuou os disparos e Célio teria dado cobertura ao crime.

Gahyva argumentou que os jurados não poderiam esperar que fosse apresentado um contrato de crimes de pistolagem. "O crime organizado funciona por intermediários, nesse caso, com pessoas como o coronel Lepesteur e o sargento Jesus", disse, numa referência ao coronel Frederico Carlos Lepesteur, preso durante a Operação 'Arca de Noé', deflagrada para prender João Arcanjo, e ao sargento da Polícia Militar, José Jesus de Freitas, assassinado em abril de 2002.

Lepesteur prestava serviços ao ex-bicheiro, segundo o MPE. Ele morreu de câncer em 2007.

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