Em depoimentos prestados à Polícia Federal (PF) em Curitiba, o diretor-executivo da Queiroz Galvão Othon Zanoide, o ex-presidente da construtora Ildefonso Colares Filho, o diretor técnico da Engevix, Carlos Eduardo Strauch Albero, e o diretor de contratos da Engevix, Newton Prado, todos presos pela nova etapa da Operação Lava Jato, negaram a existência de um cartel que atuava em contratos da Petrobras. O teor dos depoimentos dos executivos foi divulgado nesta segunda-feira (17) pela Justiça Federal do Paraná. Zanoide e Albero falaram aos policiais no sábado (15); Colares Filho e Prado, no domingo (16).
Ao ser ouvido pelos delegados federais na capital paranaense, Zanoide afirmou que não sabia da existência de acordo entre as empresas do setor de infraestrutura para dividir entre si a execução de projetos da estatal do petróleo, com pagamento de propina a executivos da petroleira e partidos políticos. Ainda segundo o diretor-executivo, a Queiroz Galvão jamais pagou suborno a nenhum diretor da Petrobras.
Ex-presidente da construtora, Colares Filho também negou ter conhecimento da existência de um cartel atuando nos empreendimentos da petroleira. "Se existia, ela [a Queiroz Galvão] não participava", enfatizou. "Eu desconheço o 'clube'. Isso não existe", afirmou Colares Filho, referindo-se à expressão relatada por um dos delatores do esquema que era usada pelos envolvidos para definir o cartel.
Questionado sobre se algum diretor da Petrobras havia cobrado propina para firmar contratos com a construtora, Colares Filho foi taxativo: "não, nunca".
Na denúncia do Ministério Público Federal (MPF) que embasou as novas prisões da Operação Lava Jato na última sexta-feira (14), os procuradores da República detalharam depoimentos de dois delatores que afirmam ter pago, ao menos, R$ 154 milhões em propina a pessoas apontadas como operadores do PT e do PMDB dentro da estatal do petróleo. O suborno foi usado para garantir que grandes empreiteiras do país executassem obras bilionárias em, pelo menos, seis projetos da estatal do petróleo.Segundo os executivos Júlio Camargo e Augusto Ribeiro, da Toyo Setal, algumas empresas formaram um cartel dentro da Petrobras em que cobravam o valor máximo previsto nas licitações e pagavam suborno equivalente a 3% dos contratos. As empreiteiras eram chamadas de "clube" pelo ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque.
Os diretores da Engevix também afirmaram à Polícia que não têm conhecimento do cartel na estatal. Ao ser indagado sobre se sabia do esquema de pagamento de propina de 3% pelas empresas para firmarem contratos com a Petrobras, Albero disse não ter conhecimento dos fatos.
"A minha atuação na empresa começa a partir de quando o contrato está na casa [...] Não tenho conhecimento da existência desses 3%", disse Albero.
Diretor de contratos na Engevix, Newton Prado afirmou que não tem "nenhuma responsabilidade sobre a licitação e negociação de contratos". "A minha atividade inicia a partir da execução do início da execução do contrato [...] Não tenho conhecimento da existência desse cartel", afirmou.
Sobre o pagamento de propina, Prado voltou a dizer que não participa da fase de licitação dos contratos. "Não tenho conhecimento a respeito desse pagamento".
Prado também comentou durante seu depoimento que os sócios da Engevix, Gerson de Mello Almada e Cristiano Kok, firmaram contrato com a empresa GFD Investimentos, de propriedade do doleiro Alberto Youssef, investigada pela Polícia Federal por ter supostamente recebido milhões de reais de construtoras que tinham contratos com a Petrobras. Ele afirmou que não sabe o motivo do contrato firmado entre as empresas.
"Foi um contrato orientado pelos sócios. O objeto do contrato é consultoria em nível estratégico e empresarial que foi prestada no nível dos sócios. Ou seja, seria prestada diretamente aos sócios, não chegando ao nível operacional do contrato, que é onde eu trabalho", disse Prado.
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