A proposta de reformulação do Imposto de Renda, em tramitação na
Câmara dos Deputados, não vai aumentar a carga tributária,
disse o ministro da Economia, Paulo Guedes. O ministro admitiu a
possibilidade de ajustes no texto, mas disse que o texto está “na
direção correta” e reiterou a defesa da tributação de dividendos
(parcela do lucro das empresas distribuída aos sócios e acionistas).
“[A reforma tributária] vai sair bem feita ou não vai sair. Não
vai ter esse negócio de aumentar imposto”, declarou Guedes em
videoconferência promovida pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O evento
homenageou o economista e ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni,
que morreu de covid-19 em junho.
Durante o evento, o ministro voltou a defender a reintrodução do
Imposto de Renda sobre dividendos. A proposta prevê alíquota de 20%
sobre a distribuição desses recursos, com lucros de até R$ 20 mil
mensais isentos. Sem entrar em detalhes, o ministro citou pressões
contrárias para evitar a tributação dos mais ricos, possibilitada pela
medida.
“A renda dos mais ricos, não interessa se vem de salário, de
aluguel, de bônus bilionários ou se vem de dividendos. Ela deveria cair
no progressivo e ponto final. Nós temos tecnologia para fazer tudo
direito, mas você sabe que tudo é mais difícil no mundo real, tem lobby,
tem pressão”, afirmou.
Segundo Guedes, o ideal seria que todos os tipos de renda, até os
ganhos com dividendos, pagassem as mesmas alíquotas do Imposto de Renda
Pessoa Física, que atualmente vão de 7,5% a 27,5%. O ministro, no
entanto, disse que esse modelo poderá ser adotado no futuro, mas que não
pode ser implementado neste momento.