Demorou, mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acenou
contra os avanços do Supremo Tribunal Federal sobre as prerrogativas do
Legislativo. No plenário da casa alta, Pacheco se comprometeu a acionar
a Advocacia Geral do Senado para provocar o STF sobre o julgamento da
descriminalização do porte e do consumo de drogas.
“Houve a partir da concepção de uma lei antidrogas a opção
política de se prever o crime de tráfico de entorpecentes, bem como a
criminalização do porte para uso de drogas. Há aqueles que defendem que a
questão é mais de saúde pública do que penal. Independente disso, o
foro de definição para essa realidade é o Congresso Nacional
brasileiro”, defendeu Pacheco.
Em sua fala, o presidente do Senado não só estabeleceu
limites às prerrogativas dos poderes, mas também definiu sua posição
acerca do tema. “Indaga-se: ao permitir ou legalizar o porte drogas para
uso pessoal, de quem se irá comprar a droga? De um traficante que
comete o crime gravíssimo equiparado a hediondo e isso gera uma
perplexidade enorme”, argumentou.
Pacheco que manteve neutralidade sobre assuntos polêmicos até então,
reconheceu que as ações do Supremo sobre o legislativo caracterizam
ativismo judicial. “A arena política é feita, exatamente, por políticos.
Cabe aos juízes guardar a Constituição. Essa interferência indevida
estou apontando aqui e reconhecendo em virtude dos poderes a mim
investidos”.
Outro objeto do trabalho da Advocacia Geral do Senado será o
julgamento relativo ao piso nacional da enfermagem. O chefe da casa de
leis especificou que será elaborada uma peça recursal com poderes de
embargo de declaração.