"Eu perguntei 'meu filho vocês não comeram nada?' Ele me disse: 'a gente comeu sorva, mãe'. Os meninos sempre comiam sorva porque meu filho mais velho pegava quando ía caçar e sempre que via trazia uma saca pra eles. Então eram acostumados com a sorva".
Januário Carneiro da Cunha Neto, coordenador distrital do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), explicou ainda que as crianças foram encontradas entre a comunidade Nossa Senhora de Fátima e a comunidade Palmeira, onde moram. A distância percorrida pelos meninos foi de cerca de 35 quilômetros. A região é de difícil acesso.
As crianças foram localizadas na terça-feira (15), apresentando um quadro grave de desnutrição e escoriações na pele.
"Quando o menor não conseguiu mais andar eles ficaram lá perto e bebiam a água desse igarapé e da chuva".
Os irmãos Glaucon e Gleison foram transferidos para o Hospital e Pronto-Socorro da Criança, localizado na Avenida Brasil, bairro Compensa, Zona Oeste de Manaus, na manhã desta quinta-feira. Eles foram transportados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea, da Secretaria de Saúde e chegaram por volta das 11h em Manaus. O pouso aconteceu no terminal 2 do Aeroporto Eduardo Gomes.
Segundo o pediatra Eugênio Tavares, responsável pelo acompanhamento das crianças em Manaus, os garotos fizeram coleta para exames e transição da alimentação.
"O estado [de saúde das crianças] é grave, mas estável. Estão conseguindo se alimentar por via oral, urinando bem e o pulso também está normal. Faremos uma transição na alimentação, agora está sendo líquida, depois pastosa. Eles precisam ganhar pelo menos 50% do peso que perderam durante todo esse período, para poder voltar a Manicoré. Mas não há uma previsão certa para que isso aconteça, até lá faremos o acompanhamento contínuo", explicou o pediatra.
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